Acabou de nascer o seu bebé!
Este é o momento do primeiro contacto com o "mundo exterior". Fica para trás a viagem dos nove meses, na qual, tanto o bebé como os pais foram partilhando alterações especiais, cada um à sua maneira, fazendo a preparação para o grande momento: o parto!
Ao se depararem com o seu novo papel, os pais terão as suas dificuldades e dúvidas, naturais nesta fase, que serão ultrapassadas dia a dia, passo a passo, construindo uma relação de amor com o seu bebé. Não será tarefa fácil esta, a de ser-se pais. Mas não tenha medo de se enganar: o facto de o tentar já é um passo na direcção certa.
Não esquecendo que o seu bebé já nasce dotado de sentidos, adquiridos na barriga da mãe, durante o seu período intra-uterino, de modo a lhe proporcionar uma melhor adaptação ao mundo exterior.
O nascimento do primeiro filho conduz a uma nova fase de transição no ciclo vital familiar implicando toda uma reorganização familiar através da definição de novas funções e papéis, nomeadamente parentais e filiais, assim como uma redefinição dos limites face ao exterior.
Nesta fase, as famílias tendem a uma maior abertura às suas famílias de origem e à comunidade em geral.
Neste processo de transição é fundamental criar um espaço para os filhos e definir os papéis parentais criando, simultaneamente, as condições emocionais de aceitação da criança no subsistema conjugal que a partir do nascimento do primeiro filho, se transforma passando a um subsistema parental. Apesar de ser entendido como um momento de alegria, afetivamente compensador, o nascimento da criança pode promover o afastamento conjugal e um menor grau de satisfação, com o acréscimo de responsabilidades, e o despoletar de conflitos com outros familiares.
A parentalidade parece resultar de um ajustamento entre o modelo parental e o maternal, iniciando-se ao longo da gravidez ainda que só se concretize por altura do nascimento do bebé. Por modelo entende-se um conjunto de elementos biológicos, jurídicos, éticos, económicos e culturais que tornam o indivíduo pai ou mãe.
É a experiência deste novo modelo que surge e permite a flexibilização da sua aplicabilidade, ou seja, à medida que os pais vão experienciando novas situações na sua rotina do dia a dia, vão-se tornando mais flexíveis, adaptando novas formas de estar e de solucionar as questões relacionadas ao seu bebé.
A parentalidade define-se de acordo com a história da família (padrão transgeracional), suas especificidades e finalidades, na transmissão de regras e valores, através do investimento na autonomia/socialização e consoante a própria etapa de evolução da família.
A organização da parentalidade está subjacente à interação com a criança que também contribui e influencia, reciprocamente, com as suas caraterísticas e competências, na definição desta função.
O subsistema (ou modelo) parental vai evoluindo, adaptando-se às necessidades da família no seu todo e de cada membro em particular. Com o nascimento dos filhos nasce uma nova estrutura que pressupõe uma hierarquia, havendo relações de poder e registos de comunicação nos vários patamares da família. Para tal, será importante o homem e a mulher atravessarem a conjugalidade antes de chegarem à parentalidade.
Um casal com filhos passa a revelar algumas mudanças influenciadas pela presença destes, relativamente à mudança de atitudes (atitudes pré e pós parentais), à responsabilidade educativa, ao relacionamento do par, que pode oscilar entre o suporte e a competição, relativamente às novas atividades de lazer e às alterações nas rotinas diárias.
A inexistência de quaisquer mudanças pode chamar a atenção para dificuldades de adaptação aos novos papéis familiares ou do funcionamento conjugal.
A chegada do bebé
Fonte:
Helena Coelho (Psicóloga Clínica)
Maria José Fernandes (Psicóloga Clínica)